Pontas, Quinas e Beiradas

sábado, 6 de abril de 2013

Window


Uma brisa entra pela porta da frente sem bater nem pedir licença.
mexe no meu cabelo
faz carinho no meu rosto
mexe na cortina
volta e me refresca.
Uma brisa entra pela porta aberta da frente
inebria a sala Sem pedir licença.
Grosseiramente fecha a janela
derruba um enfeite
fica com raiva
e
vai embora pelo corredor...

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Na garrafa...


...A noite vejo as estrelas que teimam em brilhar
Meu pensamento viaja até o seu,
Sinto o frescor da brisa que vem me acalmar.
e me pergunto se já me esqueceu...

O palor da minha existência se funde ao infinito,
Vejo tua face refletida no espelho que me maltrata.
Cacos de vidro caem pelo chão.
Engano-me ao pensar que irá voltar,
Sorrindo e dizendo que a saudade foi lhe afrontar...

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Obrigado por não fumar

E então você está só
mais uma noite
mais um dia
somente mais algumas horas.
E então o dia nascerá
e você se verá envolto
por todos aqueles que detesta.
E então,
você está só
gripado
com o nariz congestionado
e sem conseguir respirar ascende seu cigarro.
seu cinzeiro está cheio
- e olha que você nem fuma -
vem com desculpas
pelo fedor
pelo vicio
pelos erros ortográficos.
e então você está só
desde o jardim de infância
- você acha -
- você diz -
e esqueceu-se daqueles
que dormiam nas esteirinhas com bordas coloridas pelo chão da sala de aula.
E você diz que está só
quando entra no trem cheio
quando anda pelo calçadão
quando passa pela porta da casa de seus avós
e quando se reúne com seus primos à mesa
você diz que está só
e não consegue respirar
sente-se sufocado
entupido
congestionado
e você faz drama
tempestade em copo d'água
quando dizem que você só olha pro próprio rabo.
seu cigarro se apaga
e se entulha no cinzeiro cheio
e você ainda diz que nem fuma
e você diz que está só.

terça-feira, 2 de abril de 2013

1/2


Ultimamente eu tenho estado meio divido
feito as fatias do pão que você come pela manha
ultimamente eu tenho andado perdido
como daquela vez que viajamos sem rota, sem rumo
ultimamente eu tenho estado meio bêbado
como se todas as manhas acordássemos com nosso Dreher nas mãos.
ultimamente os dias tem demorado a passar
e quando eu reclamo o tempo parece correr
e o dia esta perto
o dia final
nunca mais irei te ver.
ultimamente tenho andado meio frio
já não sinto minhas veias tendo sangue percorrendo
ultimamente tenho me sentido tão seu
que já não sei o que será de mim quando eu não for mais eu.
ultimamente tenho me sentido meio embriagado
com o cheiro da maconha que você tanto fuma no quarto
ultimamente tenho estado meio esgotado
por que as coisas que tenho que arrumar
são muitas.
e quando a gente acorda com o copo vazio ao lado da cama
a esperança de que tudo acabará emerge
e quando você se depara com meu corpo esticado sobre os lençóis
a garrafa já nem existe mais.
ultimamente tenho me sentido meio seu
ultimamente tenho me sentido meio metade
como a daquela maçã que estragou na geladeira
ou daquela cebola que virou tempero.
ultimamente tenho me sentido
meio só...
por que a casa está cheia
mas ninguém esta aqui
ultimamente tenho me sentido meio lua
por que o dia demora a surgir...
ultimamente tenho visto você falar
só por que eu tampo os ouvidos
e você mostra não querer parar...
ultimamente tenho saído atrasado
por que você me aluga e eu não saio do quarto.

segunda-feira, 1 de abril de 2013

* Desfuncional *

Novamente
mais uma noite
depois que todos se vão
que a festa acaba
os copos e garrafas ficam pelo chão.
Latinhas vazias
amassadas, cheias
copos de vidro, plastico,
copos trincados,
guimbas de cigarro pelo sofá,
pelo chão, cinzeiro...
cheiro de fumaça,
de comida,
de bebida.
Mais uma noite
depois que todos se vão
depois que a festa chega ao fim
você se joga,
desmaiado
com seu corpo cansado
exausto
sobre o colchão
enorme,
espaçoso,
que faz seu corpo gritar por mais um...
O isqueiro em cima da mesinha
distante da cama,
o ventilador no máximo
girando e girando
te deixando cada vez mais louco
trepida,
chega a sair do lugar
de tanta potencia
o frio pode esperar.
ou se esconda de baixo das cobertas
ou vá desligar!
Mais uma noite
depois que todos se vão
as sms não param de chegar
você queria traze-los de volta
apenas para disfarçar
(ou esquecer)
o destino doido que resolveu ter
seguir
o caminho desconhecido
sombrio
sem cigarros largados pelo chão
sem guimbas que se empilham nos cinzeiros
sem garrafas e latinhas vazias e espalhadas
esquecidas
sem copos trincados
sem bocas secas
sem olhos vermelhos
sem pulmões esfumaçados...
esfumaçados?
esfumaçados!
eu que sei...
ele que sabe!
ele é o pulmão
e eu o coração
sempre depois que todos se vão
que a festa acaba
meu coração se acalma
desacelera
relaxa
e esquece
apaga
desliga
desfunciona...
desfuncional?
desfunciona...
eu invento
e você lê
depois critica
escreve algo parecido
e tenta ser melhor
só pra eu saber
que não passo de nada...
sou o nada
sou o fim da festa
o resto das bebidas
os copos trincados
as latinhas espalhadas
os cigarros apagados
as guimbas entulhadas...
não passo de nada
a não ser de um fim de festa.