Novamente
mais uma noite
depois que todos se vão
que a festa acaba
os copos e garrafas ficam pelo chão.
Latinhas vazias
amassadas, cheias
copos de vidro, plastico,
copos trincados,
guimbas de cigarro pelo sofá,
pelo chão, cinzeiro...
cheiro de fumaça,
de comida,
de bebida.
Mais uma noite
depois que todos se vão
depois que a festa chega ao fim
você se joga,
desmaiado
com seu corpo cansado
exausto
sobre o colchão
enorme,
espaçoso,
que faz seu corpo gritar por mais um...
O isqueiro em cima da mesinha
distante da cama,
o ventilador no máximo
girando e girando
te deixando cada vez mais louco
trepida,
chega a sair do lugar
de tanta potencia
o frio pode esperar,
ou se esconda de baixo das cobertas
ou vá desligar!
Mais uma noite
depois que todos se vão
as sms não param de chegar
você queria traze-los de volta
apenas para disfarçar
(ou esquecer)
o destino doido que resolveu seguir
o caminho desconhecido
sombrio
sem cigarros largados pelo chão
sem guimbas que se empilham nos cinzeiros
sem garrafas e latinhas vazias e espalhadas
esquecidas
sem copos trincados
sem bocas secas
sem olhos vermelhos
sem pulmões esfumaçados...
esfumaçados?
esfumaçados!
eu que sei...
ele que sabe!
ela é o pulmão
e eu o coração
sempre depois que todos se vão
que a festa acaba
meu coração se acalma
desacelera
relaxa
e esquece
apaga
desliga
desfunciona...
desfuncional?
desfunciona...
eu invento
e você lê
depois critica
escreve algo parecido
e tenta ser melhor
só pra eu saber
que não passo de nada...
sou o nada
sou o fim da festa
o resto das bebidas
os copos trincados
as latinhas espalhadas
os cigarros apagados
as guimbas entulhadas...
não passo de nada
a não ser de um fim de festa.
Jeannine Xavier