Pontas, Quinas e Beiradas

domingo, 20 de dezembro de 2009

Que seja passado o passado...

E sentada alí, suja de tinta e com os cabelos emaranhados,
ouvindo os latidos e as gritarias pelo portão a fora...

N'um dia ensolarado, n'uma tarde abafada, lembra-se dos momentos que se passaram dentro daquele cômodo.
Exatos momentos infernais, últimos momentos fraternais, abraços embalados com ódio e rancor, beijos recheados de prazer e desejos.
Copos, taças, xícaras, tudo largado no chão. Ao seu redor o pútrido odor fétido de convivências talvez sinceras ou quase reais.
Neste dia o sol se põe com mais solidariedade às almas perdidas e esquecidas.
Neste dia a lua chega com mais emoção, mais sarcasmo em sua exposição...
"acreditaram que seria para sempre, sempre igual, sempre sincero, sempre eterno...'
N'um dia de dor, n'um dia de recordação às almas dos que lembram, ainda, ficam as espreitas...
Talvez uma esperança; talvez algumas idéias, talvez apenas o desejo de que tudo o que passou não fique no passado.
"Mas isso é inevitavel minha cara, nada do que se passou, tornará a repetir, nada do que se lembra acontecerá da mesma maneira como um dia aconteceu...'

Hoje ela veio aqui, toda suja de tinta, com os olhos cheios de lágrimas, com o coração, meio acelerado, o cabelo emaranhado, o nariz escorrendo, os olhos vermelhos, um hálito químico, com as mãos vazias e a mochila cheia, o bolso vazio mas tudo escondido...
Hoje ela chegou com o album de fotografias, com os dvd's dos melhores momentos, com as marcas no corpo e o coração quase parando.
Só conseguiu estender-me as mãos, abrir um sorriso e por um momento me olhou, antes de se deixar cair em meus braços me pos a mão no ombro e disse que não voltaria, que ela era passado, deixou/deixei que se tornasse o passado, apenas uma lembraça triste, amarga, sincera, amada e saudosa.
Caiu, aquietou-se e se tornou definitivamente uma lembrança...


By: Jeannine Xavier