Pontas, Quinas e Beiradas

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

O fim da espera...

(Revirando as quinquilharias, encontrei essas palavras perdidas em meio à traças, poeira e naftalina...) - (Julho de 2007)


Eu estarei esperando meu bem,
até que no dia certo a porta se abra.
Eu estarei esperando meu bem,
até que um dia você chegue para fechar minha janela
e nao deixar a chuva nos molhar.
E eu estarei esperando meu bem,
até que você chegue e enxugue minhas lágrimas,
para que eu possa tambem enxugar as suas.

E eu estarei lhe esperando meu bem,
até o dia que lhe verei vindo em minha direção.
E eu ainda estarei lhe esperando,
quando você acordar e pensar:
Que ao meu lado é o teu lugar...

E eu estive lhe esperando meu bem,
pelo tempo que achei suficiente.
E eu estive aqui lhe esperando meu bem,
esperando que abrisse a porta,
que fechasse a janela,
que me fizesse sorrir,
que enxugasse minhas lágrimas...
E eu estive te esperando,
pelo tempo que achei certo.

E veja só, meu bem.
O tempo já passou,
eu cresci,
você cresceu,
nós mudamos.
E eu cansei de esperar.
Estive tanto tempo lhe esperando,
que envelheci mais do que vivi.
E eu estive aqui
enquanto você tambem esteve aqui,
mas nunca admitiu.

Eu te esperei meu bem,
até que você abrisse os olhos,
até que você sorrisse pra mim.
Eu lhe esperei até que parasse de respirar
e quisesse só comigo estar.
Eu lhe esperei...
eu lhe esperei meu bem...
Mas você chegou tarde de mais...

Nao tive tempo de lhe ver,
nao teve tempo de me ver.
Esperei tanto por isso,
quando lhe vi chegar,
aceitei meu fim...
e me deixei morrer...
Abra a janela meu bem,
veja o dia que ja se vai.
Já está tarde, acorde, venha viver o que lhe resta.

Abra seus olhos,
respire fundo,
levante-se e seja feliz.
Você terá poucos minutos.
Sorria,
brinque,
respire seus últimos momentos.

Meu bem...
sua hora está chegando.
Descanse,
pare,
respire fundo.
Feche os olhos.

Seu corpo despenca velozmente,
o impacto é grande...
Seus olhos se abriram,
e você agora parece lamentar.

Foque no céu azul,
ouça os pássaros cantando,
sinta a grama...
...

Vou te enterrar nesse jardim...

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Solidão chuvosa...

Esta noite chuvosa me trouxe frio, solidão...
Precisava ocupar meu espaço vazio,
Então fui caminhar.
Molhei meus pés nas poças d'água,
Molhei meus cabelos com os respingos do guarda-chuva.
Meu nariz ficou vermelho
Minhas mãos ficaram frias.
Nesta noite,
sinto um pouco de medo.
Meu caminho está escuro,
a rua parece estar vazia, deserta...
To sozinha!

Sinto o vento frio gelando meu estômago,
Quando respiro, sinto congelar tudo por dentro.
Meus olhos lacrimejam...
To sozinha!

A rua começa a alagar.
Os carros passam tao depressa nas poças,
parece quererem me molhar.
O sinal está vermelho,
ninguem respeita!
Tem poça na estrada, passe passa devagar para não me molhar...
mas ninguém me ouve...
(aceleram mais para aumentar o estrago)
Sinto frio,
mas nao consigo voltar,
os carros nao me deixam atravessar.
To sozinha!

Meu guarda-chuva voa com a rajada de vento,
Minhas pernas tremem com o vento frio.
Ja nem sei se escorrem lágrimas ou se é chuva.
Só sei que To sozinha.

...

A chuva parou,
parece que teve pena de mim.
Os carros ficaram presos num acidente la em baixo,
agora posso atravessar.
O vento trouxe meu guarda-chuva de volta,
parece que teve pena de mim.

Voltei pra casa,
pela rua deserta.
O cachorro tentou me atacar.
Latiu, sentiu frio,
teve pena de mim
e voltou pra sua casa,
foi se esquentar.

E eu...
Eu?
Eu voltei pra casa
E continuo Sozinha...