Pontas, Quinas e Beiradas

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

O efeito

Eu pego a caneta
Verifico sua carga
Eu pego o papel
Todo em branco
Sinto minha criatividade
As palavras que vão e que vem
Junto tudo e ...
...
Cravo minha caneta na Cabeça dela
Furo seu belos olhos claros
O sangue escorre
Numa fina linha pelo seu rosto
Não pinga, escorre!
Seu sorriso some
Não completamente
Fica ainda um pouquinho no canto da boca
Eu arranco a caneta
A tinta misturada com sangue
Vai fazer um efeito legal no papel.
Mas ela nem vai ler o que escrevi...

O cara

Caminho tarde da noite
Casaco, touca, cigarro
Meu copo vazio na mão
Me faz pensar em voltar.
Está frio
A rua vazia
Vejo pelas janelas as tvs ligadas
Família unidas
Ou separadas
Cachorros abandonados na varanda
E pelas calçadas
Está frio
Nem o fogo do isqueiro esquenta
O cigarro apaga
Nem ele resiste
Ascendeu meio torto
Dizem que é ciúme
Paro no meio-fio
Coloco o copo no chão
E tento mais uma vez
-em vão-
Troco meu cigarro
Por um baseado
Meu copo cai no chão
-desisto dele também, não que tivesse outra opção-
Caminho
Mão no bolso
Olho pra tras
E os cacos do meu copo refletem a luz do poste.
Está frio
Meu rosto gelado
Só uma mão congelada
A que esta meu baseado
O vigia passa de moto
Assoprando aquele maldito apito
Passa
Me olha
Volta
Me chama de amigo
E pede um trago
De onde venho seria 1-2
Aqui é simplesmente um trago
Ele viu meu copo quebrado
Minha boca seca
Meu bafo de Cachaça
Me deu carona
Me levou pro bar
Sentamos na mesa
E me deixou afogar
Em cada copo
Em cada garrafa.
Dois caras
Sentados no bar
Vendo a vida passar
Sem meninas
Sem bêbados
Sem ninguém que valhesse a pena
Ele deveria trabalhar
E eu deveria voltar
Pra casa
Pro frio
Pros filhos
Pra dona maria
Que me espera chegar
Pra reclama
Por estar bêbado
Chapado
Viajando
No frio, na rua, no bar.