Pontas, Quinas e Beiradas

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Salvador, Bahia. Dezembro de 1998.


"Será que quando você morrer,
irá com a cabeça tranquila?
Será que quando você morrer,
partirá feliz?
Será que sairá dessa vida satisfeito?
Conseguiu cumprir todas as suas metas?
Cumpriu todas as suas promessas?
Visitou todos os lugares que queria conhecer?
Correu atras de quem você achou que amava?
Será que quando nós morrermos seremos mais felizes do que somos agora?
Hoje eu estou morrendo...
prestes a morrer,
e deixo nesta garrafa um pouco de mim,
deixo neste papel, um pouco do que vivi.
Todas as lágrimas que derramei,
todas as fotos que rasguei.
todas as ligações que esperei,
todos os abraços que ganhei.
Ontem eu deitei na cama e não dormi em paz.
Não pude relaxar,
não pude sonhar.
Na verdade, a muito tempo não sei o que é sonhar...
A muito tempo não sei o que é descansar...

Será que quando a gente morrer, conheceremos a paz?
Será que quando a gente morrer, vamos ter tempo de nos arrepender?
Esta noite eu deitei na cama e não dormi.
Acho que vou morrer...
Não terminei o que comecei.
Não ganhei o que deveria ser meu.
Não fui atras do que achei certo.
Mas ganhei mais do que eu esperava.

Hoje eu sento aqui, nesta beira
e olho lá pra baixo...
Talvez você me veja daí de cima...
talvez eu lhe veja lá de baixo...
quem sabe a gente um dia possa descobrir o que deveríamos ter feito...
Todas as noites perdidas.
Todos os dias passados em dor...

Hoje o desprezo me cerca,
minha fortaleza desmoronou...
Tudo por causa do egoísmo que não se transformou em união.
Um dia eu achei que fosse infinito,
hoje eu achei que fosse o fim...
Mas ainda não será...
Depois da rolha na garrafa,
eu partirei...
e se um dia alguém encontrar minhas palavras.
Viva-as com toda a certeza de que um dia eu tentei...
Mas um dia eu morri sem conseguir o que realmente procurei e desejei...'

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