Pontas, Quinas e Beiradas

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Antologia de um dia (?!?!?!?!??)

...queria ter em mãos
o poder que tens com a caneta
ou quando rabisca de nanquim
em qualquer pedaço sujo de papel...

Na sala escura e vazia
silenciosa e fria
ascendo meu cigarro
encho meu copo
e o gelo tilinta...

O ato de tragar
ja faz parte de minha vida.
trago a fumaça,
o amor,
a vida.
trago o ódio,
a saudade,
trago a intriga.

Caminho de lado a lado,
minha fumaça me inebria
o gelo vai derretendo,
e do outro lado da janela
a vida vai esvaecendo .

Gatos pelos muros,
cachorros nas latas de lixo
mariposas nos postes
e eu alí,
reparando na poça d'água rente ao meio-fio.
É meia-noite,
é meio-dia.
é agora,
é a hora...

O relógio da parede
parece não perceber,
que cada tic-tac que ele produz
me faz quase enlouquecer.
Me amarre numa mesa,
feche meus olhos com fita isolante,
amordace-me,
e deixe aquele relógio alí...
Eu não duraria mais do que esses minutos
que perco aqui,
contando pra você...
contando pra alguem...
o momento que passei...

Só por que entrei na sala,
acendi meu cigarro,
enchi meu copo,
servi meu gelo
e fui pra janela,
ver e ouvir o tempo passar.

Um comentário:

João Daniel Imenes disse...

e o tempo passa e é tão silencioso e suave e acelerado. noite/dia/noite/dia e ainda assim ele é a melhor compania.