Pontas, Quinas e Beiradas

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Bêbado



Eu mastigaria cacos de vidro sorrindo, por que nenhuma dor se compararia aos meus copos trincados, aos cigarros queimados e às garrafas vazias.
Nada marcaria mais minha vida do que a mancha de sangue que escorreria, manchando meu assoalho gasto pelos saltos baratos daquelas que me fazem companhia.
Nada ensurdeceria mais meus ouvidos do que o bater da porta, quando elas, nervosas, passam por ela. Apenas por que pedi que se vestisse rápido e fosse embora, para que quando eu saísse do meu banho, pudesse ser eu mesmo, da maneira que eu quiser, sem ter que fazer sala.
Não quero ovos mexidos, não quero suco, vitamina nem cereais, não quero café da manha com alguém que esteja usando minha camisa que nem lhe cabe direito.
Quero encher meu copo trincado, com whisky barato, acender meu cigarro, e me lamentar por ter levantado, por ainda estar vivo.


Já não lembro a cor do meu sorriso
ja nem sei mais onde estão meus amigos
ja nao sei o que é acordar de boa
ja nao sei como é não odiar essas pessoas

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