Pontas, Quinas e Beiradas

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Sem gelo

Eu estava sentado la e ela chegou, sentou ao lado, olhou pro meu copo, olhou pra minha cara, olhou pro copo novamente, chamou o barman e disse: que negocio é esse que ele toma?; é /#&$* $!!! disse o garçom, isso deve matar rápido né? !? Olha a cara dele, ela disse, vou querer um! O garçom desviou o olhar para mim, olhou para o meu copo, deu de ombros e foi pegar o /#&$*$!!! .
Olhei pra ela, sorri e tomei um gole do meu suposto veneno. Enquanto o garçom colocava um guardanapo sobre o balcão e em seguida o copo SEM gelo então serviu- a. Pude sentir o suspiro profundo dela, creio que ainda pensava se ia dar um gole ou se sairia correndo deixando aquela dose pra mim. Ela bebeu, pensei, e n' uma golada só! Mas que mulher... que mulher maluca... Ela pediu mais um, levantou o dedo com unha comprida e o garçom, que parecia meio abismado, serviu- a novamente. Ela novamente suspirou e deu outra golada. Se quer se matar mesmo, disse a ela, não beba isso, peça um ¤€% ¥ ₩, SEM gelo! Mas não quero morrer, ela disse, só achei que sua cara fosse a mais adequada a este lugar. Ao contrario dessas outras caras que nem combinam com o chão imundo do banheiro daqui. E olha que o banheiro daqui é pior do que banheiro químico em. Eu nem sabia que aqui tinha banheiro, eu disse. Eu sempre faço ali, no canto, ao lado da jukebox. Assim ninguem chega naquela merda e põe musica tosca. Ela sorriu, meio abismada. Mostrou-me os dentes, pediu outra dose, deu outra golada, levantou e foi até a jukebox, pensei que colocaria uma música e a veria dançar freneticamente. Mas não, ela simplesmente agachou e fez xixi ali mesmo.
Pedi mais uma dose, tive que beber, ela era louca e não queria morrer...

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